domingo, 1 de maio de 2016

JOÃO JACOB HOELZ


Ao nosso associado João Jacob Hoelz, 96 anos, patrimônio vivo da história da extensão rural paulista, e por que não, nacional, o que não falta são histórias para contar, com detalhes muitas vezes desconhecidos da maioria.

Numa forma de homenageá-lo, demonstrar respeito a esse profissional e reconhecer a importância do trabalho realizado ao longo de sua vida, a AGROESP registrou um papo descontraído entre ele e o colega Antonio de Pádua Amaral Mello, nosso primeiro presidente e decano da AGROESP, e colheu as informações abaixo transcritas.

João Jacob se formou Engenheiro Agrônomo pela Escola Superior de Agricultura “LUIZ DE QUEIROZ”, ESALQ-USP, em 1942, e foi trabalhar no Instituto Agronômico do Norte, tendo de lá ingressado no esforço de guerra, e aí começa a sua história com a “borracha”. Os americanos possuíam uma produção de borracha sintética – de qualidade inferior à natural – muito menor que a dos alemães. Já os japoneses haviam tomado toda a borracha do Extremo Oriente, que produzia, na época, 98% da borracha natural mundial. O produto era utilizado na banda de rodagem da maquinaria de guerra, como em pneus de aviões, por exemplo. “Os aliados ganharam a guerra contra o Eixo, dependendo da borracha do Brasil, mas pouca gente reconhece o fato”, comenta João Jacob.

O engenheiro agrônomo relembra também, das dificuldades enfrentadas pelos nordestinos que trabalhavam na extração da borracha. Iludidos pela campanha oficial do governo Vargas, que prometia dinheiro e boas condições de vida, milhares deles migraram para a região norte. “Morreu muito mais nordestino na batalha da borracha do que soldados brasileiros na Grande Guerra”, diz ele.



Na conversa com Mello, João Jacob relembra histórias como, quando no início da década de 1960, os seringais localizados no litoral do Estado de São Paulo foram afetados pela doença Microcyclos Ulei, ou mal-da- folha, e ele convenceu autoridades da Defesa Sanitária de que não havia a necessidade de se tomar medidas drásticas e que, depois de sua intervenção, o plantio no planalto foi liberado. Na época, como diretor do Departamento de Sementes e Mudas da CATI, João Jacob foi um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento do plantio de seringueiras no estado, pois conseguiu garantir a distribuição gratuita de todo o material para plantio. A operação constituiu-se em uma das maiores experiências agronômicas de São Paulo, uma vez que permitiu a instalação de 100 pontos diferentes de avaliação e garantiu o cultivo da seringueira no Brasil, entre 1960 e 1964, contribuindo para que hoje, o estado produza 50 mil toneladas de borracha natural por ano, o que equivale a cerca de 50% da produção brasileira.

João Jacob ainda fala com interesse dos assuntos agrícolas da atualidade, comenta sobre a importância das Câmaras Setoriais e, principalmente, o programa de Microbacias da CATI, o qual diz ser de fundamental importância para o produtor paulista.


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